A Polícia Federal (PF) revelou que os Estados Unidos exigiram que os brasileiros deportados que chegaram a Manaus na sexta-feira, 24 de janeiro de 2025, fossem algemados novamente para completar a viagem até Belo Horizonte. Essa informação foi compartilhada pelo superintendente da PF no Amazonas, João Paulo Garrido Pimentel, em uma entrevista ao Estúdio i. O voo em questão foi o primeiro com deportados após a posse do presidente Donald Trump, e a aeronave precisou fazer uma parada em Manaus para reabastecimento.
Durante a parada, houve um desentendimento entre os passageiros e a tripulação devido a problemas no ar-condicionado da aeronave, que era fretada pelo governo americano. Pimentel relatou que a maioria dos deportados estava com algemas nas mãos e nos pés, e alguns apenas com algemas nos pés. As imagens que circularam nas redes sociais mostraram os passageiros ainda algemados enquanto se deslocavam para a área restrita do aeroporto, o que gerou indignação e preocupação.
O superintendente da PF destacou que a situação de desespero e pavor dos brasileiros foi exacerbada pela exigência das autoridades norte-americanas de que eles fossem algemados novamente antes de embarcar na aeronave. Diante dessa situação, Pimentel entrou em contato com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, que acionou o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. O ministro determinou que nenhum brasileiro seria acorrentado novamente durante o processo de deportação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se envolveu na situação, solicitando um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar os deportados de Manaus para o Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. A PF instaurou um procedimento para investigar o tratamento dado aos brasileiros deportados, e a expectativa é que a apuração seja concluída em um prazo de 30 a 60 dias.
Na sexta-feira, a PF foi acionada por volta das 18h30 para atender a uma situação de crise na aeronave. Ao chegar, a equipe da PF encontrou um ambiente de desespero entre os repatriados. A primeira ação da equipe foi gerenciar a crise e prestar atendimento a pessoas idosas e crianças que estavam a bordo.
Após estabilizar a situação, a PF providenciou a retirada das algemas dos deportados e coletou depoimentos, além de imagens e vídeos das câmeras de segurança do aeroporto. Pimentel observou que as condições de calor intenso e insalubre no local contribuíram para a percepção de que o tratamento recebido pelos deportados era degradante.
A situação gerou uma onda de críticas e preocupações sobre o tratamento de brasileiros deportados pelos Estados Unidos. A PF está comprometida em investigar as circunstâncias que levaram a essa exigência e a forma como os deportados foram tratados durante o processo. A transparência e a responsabilização são essenciais para garantir que os direitos dos cidadãos brasileiros sejam respeitados.
Esse episódio destaca a complexidade das relações entre Brasil e Estados Unidos, especialmente em questões de imigração e deportação. A expectativa é que a investigação da PF traga à tona informações importantes sobre o tratamento dos deportados e ajude a evitar que situações semelhantes ocorram no futuro.
Comentar