A iniciativa que levou estudantes de Belo Horizonte a vivenciar um dia inteiro no ambiente tecnológico do Google representa muito mais que uma experiência pontual para aquelas jovens. O evento gerou impacto ao mostrar caminhos possíveis nas áreas de tecnologia onde a presença feminina historicamente é menor. A proposta de imersão ofereceu vivências práticas, trocas de informação com profissionais e exemplificou como o setor tecnológico pode ser acessível quando há intenção institucional de promover participação. Essa ação se conecta a movimentos mais amplos de inclusão e igualdade que vêm ganhando espaço no Brasil.
Durante essa experiência, ficou claro que o contato direto com ambientes profissionais reais tem efeito profundo sobre motivação e autoconfiança. Participar de oficinas, explorar plataformas tecnológicas, conversar com pessoas que atuam no desenvolvimento de softwares ou produtos digitais ajudam a desmistificar ideias de que certos perfis não se adaptam ao mundo da tecnologia. Estudantes puderam ver que habilidades como pensamento lógico, criatividade e persistência são valorizadas e que não existe um molde único para quem decide seguir por essa trilha. O apoio de educadores e de ações que conectem teoria e prática fez diferença.
Outra dimensão essencial foi a interação com mentoras e mulheres que ocupam cargos técnicos ou de liderança. Para muitas das estudantes conhecer de perto mulheres que já atuam na programação, na engenharia de dados ou no gerenciamento de times simbólicas fortalece o senso de pertencimento. A representação importa porque reduz barreiras invisíveis e inspira trajetórias. Ver exemplos reais, ouvir histórias de obstáculos superados e como chegaram onde estão contribui para tornar sonhos mais tangíveis e planos de carreira mais concretos.
O dia de imersão também permitiu que as jovens explorassem conceitos básicos e aplicados de tecnologia, com exercícios que estimulavam raciocínio computacional, lógica de programação e resolução de problemas. O aprendizado prático funciona como catalisador para o interesse, pois permite errar, experimentar, ajustar e ver resultados imediatos. Esse tipo de imersão estimula habilidades que serão úteis não apenas no campo tecnológico, mas em diversos contextos acadêmicos e profissionais. A experiência conjunta promove colaboração, troca de ideias e curiosidade.
Além disso, oportunidades como essa contribuem para que escolas e redes de ensino percebam a importância de investir em programas que apoiem meninas interessadas em exatas e tecnologia. Muitas vezes os recursos são limitados ou a cultura institucional não estimula escolhas fora do padrão, e iniciativas externas reavivam visões de futuro diferentes. Esse tipo de ação provoca reflexões sobre currículo, acessibilidade de ferramentas, capacitação de docentes e parcerias que reforcem ambientes favoráveis. Essencialmente, cria sementes que podem gerar transformações estruturais.
O desenvolvimento de competências digitais ganha mais sentido quando acompanhado de diálogo sobre o papel social da tecnologia. As alunas puderam discutir impactos de gênero, ética digital, inclusão, diversidade e os desafios que mulheres ainda enfrentam no setor tecnológico. Esses debates são fundamentais para que o uso da tecnologia não reproduza desigualdades existentes, mas seja instrumento de equidade. A conscientização de que tecnologia também é poder leva à responsabilidade de construir contextos mais justos.
Em termos de encaminhamento, essas experiências poderiam se multiplicar, expandindo para mais escolas, regiões metropolitanas e zonas com menos acesso a programas de tecnologia. A criação de redes de mentoria, continuidade em aprendizados práticos, incursões em laboratório de programação ou mesmo feiras tecnológicas locais podem fazer com que o impulso gerado não se dissipe. Apoio institucional e suporte financeiro também se mostram necessários para transformar oportunidades pontuais em trajetória de longo prazo.
Em síntese, a imersão promovida em Belo Horizonte com enfoque no protagonismo feminino mostra que iniciativas concretas têm potencial de mudar perspectivas, abrir portas e inspirar escolhas. Quando meninas têm acesso a experiências reais, mentoria, ambiente de aprendizagem prático e conexão com profissionais, algo muda de dentro para fora. O legado desse tipo de ação pode se refletir em mais mulheres em cursos de tecnologia, em carreiras de STEM e em espaços onde hoje sua presença é desigual. Esse movimento articula educação, cidadania e inovação de forma integrada.
Autor: Muhamed Ashar